18/09/2019
Apesar de um início mais lento no plantio de soja neste ano no Brasil por conta do tempo seco, a safra de milho 2019/20 do país foi estimada em novo recorde acima de 100 milhões de toneladas, com um aumento de 3,4% na área plantada, de acordo com analistas consultados pela Reuters para uma pesquisa.
A condição seca neste momento inicial não chega a ser, em geral, um problema para a produção da oleaginosa ou do milho de verão do país. Mas o quanto antes o plantio ocorrer, melhor para segunda e maior safra do cereal, plantado após a oleaginosa, por questões climáticas.
A sondagem com nove especialistas aponta uma safra total de milho do Brasil, segundo exportador global do grão, em 102,30 milhões de toneladas, aumento de 2,3% ante o recorde visto em 2018/19, quando o cultivo de milho foi favorecido pela soja mais adiantada na maioria das regiões.
A média projetada para a produção de milho do Brasil é quase a mesma estimada em pesquisa semelhante realizada no início de agosto (101,9 milhões de toneladas), apesar de as previsões climáticas indicarem que os maiores volumes de chuvas serão registrados somente ao final do mês, garantindo finalmente melhores condições para o plantio de grãos.
“(...) O milho safrinha para o Centro-Oeste do Brasil deve ser semeado até 5 de março para evitar grandes riscos com a falta de chuvas ao longo de seu desenvolvimento”, disse o diretor da consultoria Arc Mercosul, Matheus Pereira.
Dessa forma, ele acrescentou que não seria recomendável que a principal região produtora de grãos do Brasil plantasse soja após 15 de novembro, para haver tempo de uma boa subsequente safra de milho, com janela favorável de chuvas em 2020.
No que diz respeito à situação de mercado, há “incentivo” para aumento da área, principalmente do milho da segunda safra, disse o analista de Agricultura da Refinitiv José Clavijo Michelangeli.
“A seca prolongada tem sido uma preocupação para os plantios de soja, o que impacta a área do milho da segunda safra no Centro-Oeste e no Paraná. Mas as chuvas previstas para o final de setembro podem permitir que a semeadura continue quase normal”, destacou.
Segundo ele, as previsões climáticas entre setembro e novembro e entre dezembro e fevereiro apontam condições “mistas” para o milho, mas “em geral favoráveis”.
De acordo com dados da Refinitiv, no curto prazo as principais regiões produtoras de grãos do Brasil, no Sul e no Centro-Oeste, começam a acumular maiores volumes a partir do final da semana que vem.
A maior parte das regiões de Mato Grosso, maior produtor de grãos do Brasil, só deve ver chuvas, ainda que em volume reduzido, a partir do dias 25 e 26 de setembro. No Paraná, as precipitações serão escassas também ao longo da próxima semana.
Mas a maior parte dessas regiões deve fechar o mês de setembro com déficit de umidade, especialmente o Sul do Brasil, com algumas áreas registrando um desvio negativo de 30 a até 70 milímetros de chuva.
O norte de Mato Grosso verá déficit de 20 a 25 mm, enquanto no sul de Goiás, norte de Mato Grosso do Sul e sudeste de Mato Grosso a situação tende a ser menos crítica, segundo dados da Refinitiv.
CONDIÇÃO DE MERCADO
Para se consolidar o aumento de área de milho, especialmente na segunda safra, será necessário acompanhar a evolução do plantio da soja nos próximos meses, notou o analista sênior do Rabobank Brasil, Victor Ikeda.
Mas ele vê boas condições de mercado para o cereal para a expansão de área.
“Em função das altas nos preços —pela taxa de câmbio e movimentos internacionais em Chicago entre maio e julho, quando as cotações estiveram em alta pelas incertezas dos impactos do clima na safra americana—, o ritmo de comercialização da safrinha 2020 está mais acelerado que em anos anteriores”, disse.
“Isso sugere que a área pode apresentar incremento significativo no próximo ano”, adicionou.
“Soma-se a isso as novas unidades de produção de etanol de milho no Centro-Oeste, especialmente em Mato Grosso, que têm resultado em demanda (antes limitada) para o próximo ano.”
Fonte: www.agrolink.com.br